quarta-feira, 6 de abril de 2016

Festa da Senhora das Brotas - Chaves.

Teve lugar nos dias 3 e 4 de Abril, domingo e segunda-feira de Pascoela, como sempre. O culto  à Padroeira  faz-se na capela de santo Eleutério, existente no interior do forte de S. Neutel, praça militar flaviense construída durante as Guerras da Restauração.
Iniciadas as trincheiras na colina do alto da Trindade, por Rodrigo de Castro, conde de Mesquitela, em 1661, a obra em definitivo apenas ficou concluída em 1668, sob a responsabilidade do governador das Armas, general Francisco Andrade Teixeira e Sousa. Curiosamente, o forte ficou concluído, quando as pazes entre os dois países Ibéricos se aproximavam.
Em 8 de Julho de 1912 foi travado, neste local, um combate fratricida entre as forças realistas comandadas por Paiva Couceiro e as tropas fiéis ao regime republicano.
 
Forte de S. Neutel
 
Porta Principal de entrada.
 
Cartelas alusivas à construção do Forte
O culto a N.ª S.ª das Brotas é muito antigo. Aquando do início da construção do forte, já existia uma ermida no alto do monte, com muitos peregrinos, especialmente no dia da Sua romaria. E os Militares preservaram este santuário com uma estrutura sólida, guarnecida com escadarias em granito, à sua volta, uma vez que todo aquele espaço, haveria que ser rebaixado para a construção daquela importante estrutura de defesa. Depois disso, adoptaram a Senhora das Brotas como sua padroeira.
 
A caminho da capela
 
Capela de Santo Eleutério
São vários os estudiosos que referem o culto a este orago,  como proveniente de um anterior culto pagão a "Ceres", deusa da agricultura. Estas festas pagãs que se realizavam na antiguidade, tinham lugar no início da Primavera, quando as forças da natureza fazem desabrochar as flores e desenvolver o crescimento das plantas. É bem provável, então, que a festa das Brotas, tenha surgido de uma adaptação dessas festas pagãs, ao Cristianismo.
Falemos agora do programa das festas que tiveram lugar no último domingo e segunda-feira de Pascoela, especialmente o dia da segunda-feira:
As festividades começaram às 10, 30 h com uma missa presidida pelo Arcipreste Dr. Hélder Amadeu Baptista de Sá, em honra da Padroeira.


Altar único com o santo Eleutério ao centro
 
A Padroeira, Nª Sª. das Brotas.
Missa em honra da Padroeira.
 

 

A parte da tarde foi destinada às tradicionais diversões: convívio, dança e merendas. Lembremos o Hino da festa de 1959:
Tocam bandas e gaiteiro,/ Lindas coisas de encantar,/ E os pares sobre o terreiro/ É gosto vê-los dançar. 
Neste ano, os pares sobre o terreiro são poucos.




Quem assiste, actualmente, a estas diversões de segunda à tarde, e nas mesmas participou por volta de 1962 - 63- 64, não pode deixar de sentir uma enorme nostalgia. Onde estão os estudantes para quem nesta tarde não havia aulas; onde pára o povo que  acorria a estas festas?
Enfim, resta-nos concordar com o Poeta:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades/ Muda-se o ser, muda-se a confiança:/ Todo o mundo é composto de mudança,/ Tomando sempre novas qualidades.
Deixo aqui a minha gratidão à Comissão de Festas que persiste em manter viva a tradição de comemorar a Senhora das Brotas.
Última nota para duas simpáticas senhoras que, ao som dos acordes das concertinas, colhiam o fiolho, planta medicinal que brota dos terrenos, em volta da capela.    
Idalina (à esquerda) e Adília (à direita) também conhecida por Didi.
 
Forte de S. Neutel. Um varandim sobre a veiga e cidade de Chaves
 

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