domingo, 6 de março de 2016


Freguesia de Santo António de Monforte – Chaves

 Foi uma das vinte e oito freguesias do concelho de Monforte de Rio Livre, então designada por freguesia de Santo António de Curral de Vacas. Com a extinção do concelho, pelo governo Regenerador de 1853, passou a fazer parte do concelho de Chaves.
Perdeu a sua autonomia como freguesia em 1860, vindo a ser integrada na freguesia de Águas Frias, a partir de um de Janeiro de 1861. Aproximadamente um século depois, em 1952, o povo de Curral de Vacas encetou um processo administrativo, com vista à separação da freguesia de Águas Frias, ao mesmo tempo que reivindicou uma nova designação para a freguesia a criar: Santo António de Monforte. Para o efeito invocou razões históricas de pertença a Monforte de Rio Livre e veio a ser, novamente, freguesia autónoma, sob a designação pretendida, em 1960.
Faz parte desta freguesia uma pequena povoação, como nos indica o diminutivo do seu topónimo – Nogueirinhas -, actualmente habitada por nove pessoas.
Foi esta pequenina aldeia que visitei, com o objectivo de rever um templo do século XVII – capela de Santa Luzia – da qual tinha informações que havia sido reconstruida recentemente.
Na descida acentuada de um monte, onde se podem apreciar fragas sobrepostas de belo efeito, surge lá ao fundo um enorme espelho de água, que faz parte da barragem das Nogueirinhas.

E a coroar a serra do Brunheiro, logo em frente, vemos o castelo de Monforte do Rio Livre, com a povoação de Águas Frias, aninhada na sua encosta.


Ao atravessar a barragem e sua envolvente, avista-se uma fraga no meio da água, na qual assenta uma Cruz. O símbolo cristão naquele local tão singular, chama a atenção de quem passa e, naturalmente, se interroga qual a razão: se a simbólica cristianização daquele espaço ou a memória de uma tragédia ocorrida, aquando da construção da barragem. Não o sabemos.
Mais dois ou três quilómetros percorridos e surge, então, à nossa frente o templo de Santa Luzia renovado, mesmo à beira da estrada, junto à placa indicativa da povoação.


Como a capela se encontrava fechada, e tendo em conta a solidão que envolve o meio rural, já me dispunha a regressar sem ver o seu interior, não fosse uma placa que avistei, um pouco mais à frente, com a indicação de ali haver um santuário.


Atravessei a pé, creio que a única rua da aldeia, e avisto um prado relativamente extenso, na encosta de um monte encimado por frondosas árvores. Várias esculturas de cor branca povoam fragas, estrategicamente localizadas no monte. No cimo junto às árvores encontra-se um calvário feito em madeira.


Enquanto observava tão imprevisível cenário, fui abordada por um simpático senhor, residente e natural da aldeia, Horácio Teixeira, que, sendo um dos principais entusiastas e obreiros de tal espaço, me falou da história daquele local. As esculturas dos Santos nas fragas e das ovelhinhas no prado são recentes, do ano 2010. Lembra-se desde menino que naquele local se realizavam missas campais, especialmente na semana que antecede a Páscoa. Quanto à instalação do calvário referiu que durante a missa eram colocados panos roxos sobre aquelas cruzes.
Seguidamente disponibilizou-se para me mostrar a capela de Santa Luzia, já que guardava a chave da mesma e, dado o entusiasmo como me falava, facilmente me apercebi que foi um dos responsáveis pela sua reconstrução.
Disse-me que esta foi possível, graças a contribuições solidárias de emigrantes filhos da terra e alguns residentes na freguesia. Na última festa do orago, que se realiza a 13 de Dezembro, estiveram presentes, nas cerimónias religiosas, mais de duzentas pessoas.
Também conhecida por capela das Nogueirinhas, compõe-se de um corpo único sem sacristia, de configuração quadrangular e de um alpendre que antecipa a porta principal. A reconstrução respeitou as linhas interiores e exteriores da capela.
O único altar, onde se encontra exposto o orago, foi feito à imagem do antigo que, carcomido pelos anos, se tornou irrecuperável.

O senhor Horácio António Gonçalves Teixeira  foi emigrante em França, durante muitos anos. Regressou recentemente e construiu uma casa na aldeia, onde vive com a sua esposa.
Que as forças não lhe faltem para continuar a zelar e engrandecer o património da sua terra natal. 

2 comentários:

  1. Um belo post, integrado num excelente blogue.
    Parabéns pelo trabalho.
    Cumprimentos,
    Armando Sena

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    1. Obrigada Armando!

      Felicidades também para si e continuação de um bom trabalho no seu blogue.

      Um abraço

      Maria Aline

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